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            2.3.2 Segundo Produto – Benchmarking internacional: práticas e
                   procedimentos governamentais para tomada de decisão sobre
                   investimentos em programas e projetos de infraestrutura


                         O benchmarking internacional teve como obje-  programas de obras prioritárias, como o Programa de
                   tivo apresentar um levantamento sobre as práticas e os   Aceleração do Crescimento (PAC) e o Programa de Parce-
                   procedimentos governamentais utilizados no Brasil, no   rias de Investimentos (PPI). Entretanto, essa prática não
                   Reino Unido, no Peru, no Chile e nos EUA no que toca à   é obrigatória. Falta também um critério transparente
                   tomada de decisão sobre investimentos em programas   para a priorização dos projetos sugeridos pelos planos
                   e projetos de infraestrutura de grande porte e monito-  setoriais para inclusão nos programas prioritários. Assim,
                   ramento dos resultados.                         esses programas podem incluir projetos selecionados
                                                                   com base em critérios predominantemente políticos.
                         A partir desse comparativo, os consultores
                   chegaram a uma série de críticas sobre como é a tomada   Contrariamente, os planos setoriais adotam automa-
                   de decisão de investimentos em projetos de infraestrutura   ticamente os portfólios atuais dos programas e obras
                   no Brasil.                                      prioritárias, o que pode gerar planos com portfólios
                                                                   subótimos, incluindo obras de viabilidade econômica
                         Observaram que a principal dificuldade na gover-  questionável ou com benefícios marginais decididos
                   nança da infraestrutura do Brasil não decorre da falta de   por critérios muitas vezes políticos.
                   planos e manuais de melhores práticas. Na realidade, a
                   questão é a ausência de integração entre esses compo-  Por fim, mesmo os projetos que não são selecio-
                   nentes. Notavelmente, a análise revelou uma articulação   nados para os planos setoriais e os programas prioritários
                   insuficiente entre o Plano Estratégico de Longo Prazo, a   podem ser incorporados no Plano Plurianual (PPA), que
                   Estratégia Federal de Desenvolvimento, publicada em 2020,   define diretrizes, objetivos e metas de médio prazo, e na
                   e os Planos dos Setores Governamentais (abrangendo   Lei Orçamentária Anual (LOA), que estima as despesas
                   transporte, telecomunicações, energia, mineração, recursos   do governo brasileiro para o próximo ano. Esse fato abre
                   hídricos e saneamento básico) posteriormente propostos no   um caminho adicional para o descompasso entre plane-
                   país, como o Plano Nacional de Logística (PNL), cujo prazo é   jamento e execução.
                   para 2035, e o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE),
                   projetado para 2031. Esse desalinhamento é particularmente   Mais detalhes desse trabalho podem ser vistos
                   notável em relação às metas ambientais.         no guia “Benchmarking Internacional – Práticas e proce-
                                                                   dimentos governamentais para tomada de decisão sobre
                         Defenderam que seria ideal que os Planos   investimentos em programas e projetos de infraestrutura”
                   dos Setores fornecessem informações explícitas sobre   (RAJÃO et al., 2021b).


            2.4  VIABILIDADE EM FOCO II – GUIA PRÁTICO DE REFERENCE CLASS

                   FORECASTING PARA O BRASIL


                         Em maio de 2021, dada a relevância do tema de   residiu especialmente nas principais causas apresentadas
                   combate à corrupção no contexto da pandemia de COVID-  pelo TCU para a inviabilidade de megaprojetos de infraes-
                   19, a Cooperação Alemã (GIZ) iniciou a implementação   trutura, o viés do otimismo e a deturpação estratégica dos
                   do projeto regional “Fortalecimento do Controle Externo   dados, esta última podendo ser potencializada, ainda,
                   para Prevenção e Combate eficaz da Corrupção” (Anticor-  pelo pagamento de propinas a altos funcionários públicos
                   rupção OLACEFS), que se implementa até abril de 2024,   responsáveis pelas tomadas de decisão.
                   em conjunto com o TCU e a OLACEFS e tem o objetivo de
                   melhorar a participação das ISCs nos seus sistemas nacio-  A Assembleia Geral das Nações Unidas, na Reso-
                   nais de luta contra a corrupção. A motivação do projeto   lução A/69/228, de dezembro de 2014, reconheceu a impor-
                   Anticorrupção OLACEFS na aplicação da metodologia RCF   tância de Instituições de Controle Superior (ISC) como o





                                           viabilidade em fOcO: ferramentas para melhOrar a qualidade de prOjetOs de infraestrutura de grande pOrte
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