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2 VIABILIDADE EM FOCO: FERRAMENTAS PARA
MELHORAR A QUALIDADE DE PROJETOS DE
INFRAESTRUTURA DE GRANDE PORTE
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Katrina Narguis | Cooperação Alemã GIZ
David Grubba | Tribunal de Contas da União
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Rafael Martins Gomes | Tribunal de Contas da União
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Rafael Carneiro Di Bello | Tribunal de Contas da União
RESUMO
Falhas significativas nos estudos de viabilidade resultam em má alocação e desperdícios de recursos escassos dos
contribuintes. Para mitigar esse problema, o Tribunal de Contas da União, com apoio da agência de cooperação Alemã GIZ,
desenvolveu a iniciativa “Viabilidade em Foco”. Esse projeto atua para melhorar a qualidade da tomada de decisão sobre
grandes investimentos relevantes para a infraestrutura. Nesse contexto, o presente capítulo apresenta os principais conceitos
defendidos na referida iniciativa, suas etapas e como acessar os produtos gerados. Com apoio de pesquisadores da USP
e da UFMG, a primeira etapa do projeto levantou as melhores práticas pertinentes e realizou um comparativo do Brasil
com outras nações. Na segunda etapa, o projeto contratou os especialistas mais citados no mundo em gestão de mega-
projetos, professores da Universidade de Oxford, para adaptarem à realidade do Brasil um guia que auxiliasse na redução
das principais causas de fracassos em projetos de infraestrutura: excesso de otimismo e deturpação dos dados. Assim, foi
produzido o guia prático da metodologia “Reference Class Forecasting” (RCF) para projetos de transportes brasileiros. Essa
metodologia é aplicada com sucesso no Reino Unido desde 2004 e se expandiu para vários outros países recentemente.
Por fim, espera-se que a iniciativa Viabilidade em Foco venha a contribuir para a entrega de benefícios reais à sociedade.
Palavras-chave: viabilidade; tomada de decisão; viés do otimismo; deturpação estratégica
2.1 INTRODUÇÃO
Estudos internacionais e exemplos concretos Em uma análise mais aprofundada, constata-se
extraídos do cenário nacional têm lançado luz sobre um que os custos finais ao contratante de empreendimentos
problema persistente na área de desenvolvimento de de infraestrutura frequentemente ultrapassam os valores
infraestrutura: a imprecisão nas estimativas de custos, originalmente estimados nos estudos de viabilidade. Por
prazos e benefícios desses empreendimentos. Tal ineficácia exemplo, 9 de cada 10 projetos de transporte apresentam
na projeção desses elementos revela um obstáculo crucial aumento de custos em relação ao previsto (FLYVBJERG
na gestão eficiente dos recursos, especialmente quando et. al, 2002). Essa sobrecarga orçamentária é arcada
relacionada a obras públicas de grande vulto. pelos contribuintes.
48 Assessora técnica no Fortalecimento do Controle Externo para Prevenção e Combate Eficaz da Corrupção – GIZ. Bacharel em Secretariado Executivo Bilíngue (Unip), com
MBA em Gestão de Políticas Públicas (Uniceub).
49 Este artigo não reflete necessariamente o entendimento do TCU e da GIZ sobre o tema, sendo baseado na experiência prática e nas pesquisas dos autores sobre o assunto.
50 Auditor Federal de Controle Externo, Engenheiro Civil (UFJF) e Mestre em Engenharia (USP).
51 Auditor Federal de Controle Externo, Engenheiro Civil (UnB), especialista em Combate à Fraude e à Corrupção (Estácio), Engenharia Diagnóstica (Unicid), e Análise
Econômica do Direito (ISC-TCU), e Pós-Graduando em Data Science (USP-Esalq).
52 Auditor Federal de Controle Externo, Engenheiro Civil (UFRJ) e Mestre em Engenharia (UFJR).
viabilidade em fOcO: ferramentas para melhOrar a qualidade de prOjetOs de infraestrutura de grande pOrte