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            1      O ICEBERG DA INFRAESTRUTURA:

                   COMO COMBATER A IMATURIDADE,

                   A INVIABILIDADE E A PARALISAÇÃO

                   DE OBRAS BRASILEIRAS



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                   David C. R. P. Grubba  | Tribunal de Contas da União
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                                      7
                   Rafael Martins Gomes  | Tribunal de Contas da União
                   Rafael Carneiro Di Bello  | Tribunal de Contas da União
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                   Lidiane Pedra Vieira Melo  | Universidade Federal de Minas Gerais
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                   RESUMO

                         Este capítulo examina os sintomas, causas e   de construções inacabadas pelo país, correspondendo
                   soluções de três grandes mazelas que marcam o baixo   a mais de um terço do total de obras federais em 2023.
                   desempenho da infraestrutura brasileira: a imaturi-  Como propostas, destacamos cinco medidas em que o
                   dade dos projetos, a inviabilidade socioeconômica   controle externo pode contribuir direta ou indiretamente:
                   e as obras paralisadas. Utilizando uma abordagem   (i) acompanhamento sistemático dos megaprojetos com
                   crítica, embasada em auditorias, pesquisas científicas   transparência total ao contribuinte; (ii) estruturação de
                   e estudos de caso, busca-se compreender esses fatores   projetos com critérios objetivos; (iii) ferramentas para
                   de forma integrada e profunda, abaixo da parte visível   filtrar projetos potencialmente inviáveis; (iv) indução à
                   desse iceberg. O primeiro elemento, a imaturidade dos   cultura de coleta, tratamento e análise de dados para
                   projetos, é caracterizado por decisões precipitadas, sem   auxílio na tomada de decisão; e (v) mecanismos de
                   amparo em estudos e estimativas realistas, cujo foco é   reconhecimento aos bons órgãos e gestores baseado em
                   o início da execução, sem maiores preocupações com   índices. Espera-se que essas recomendações contribuam
                   os impactos futuros. Já a inviabilidade, representada   para práticas mais eficientes e transparentes, que atuem
                   por extrapolações de custo e prazos, torna diversos   nas causas dos problemas e que, dessa forma, mitiguem
                   projetos insustentáveis. Esses dois males contribuem   a perpetuação de fracassos no setor.
                   para a tragédia mais visível ao cidadão, a proliferação

                   Palavras-chave: infraestrutura; transparência; imaturidade de projetos; inviabilidade; obras paralisadas.













                   5   Auditor Federal de Controle Externo, Engenheiro Civil (UFJF) e Mestre em Engenharia (USP).
                   6   Este artigo não reflete necessariamente o entendimento do TCU e da GIZ sobre o tema, sendo baseado na experiência prática e nas pesquisas dos autores sobre assunto.
                   7   Auditor Federal de Controle Externo, Engenheiro Civil (UnB), especialista em Combate à Fraude e à Corrupção (Estácio), Engenharia Diagnóstica (Unicid) e Análise
                     Econômica do Direito (ISC-TCU), e Pós-Graduando em Data Science (USP-Esalq).
                   8   Auditor Federal de Controle Externo, Engenheiro Civil (UFRJ) e Mestre em Engenharia (UFJR).
                   9   Engenheira de produção (CEFET/MG) e mestre (CEFET/MG) e doutora em engenharia de produção (UFMG).





                                         O iceberg da infraestrutura: cOmO cOmbater a imaturidade, a inviabilidade e a paralisaçãO de Obras brasileiras
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