Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas

Mestre, doutor e pós-doutor em História, Pedro Henrique Campos fez um resgate da corrupção no Brasil

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“A história do setor de infraestrutura e da corrupção o Brasil” foi o tema da conferência de encerramento, ministrada pelo professor do Departamento de História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Pedro Henrique Campos, durante o XX Simpósio Nacional de Auditoria de Obras Públicas. Iniciado no dia 11 de setembro, o evento terminou nesta sexta-feira (15), no Parque de Eventos de Bento Gonçalves (RS).

A conferência foi iniciada com a apresentação da trajetória do setor de infraestrutura no país. Segundo o professor, o Brasil-Colônia tinha uma economia primário-exportadora. As obras de infraestrutura da época tinham como objetivo viabilizar o escoamento da produção do interior e dar manutenção às cidades. “Não haviam empresas e menos ainda cursos de Engenharia. As construções se utilizavam de mão de obra escrava”, informou.

Apenas com a chegada da família real no país, em 1808, que os primeiros cursos de Engenharia e iniciativas de infraestrutura surgiram na capital do Império, o Rio de Janeiro (RJ). “Foi quando alguns avanços tecnológicos, vindos da revolução industrial, chegaram no Brasil: as primeiras estradas de ferro, as reformas portuárias, os serviços de telégrafos, encanamento de gás, saneamento urbano e iluminação pública”.

Pedro Henrique seguiu sua explanação lembrando que, nessa época, empresas canadenses, inglesas e norte-americanas eram contratadas para fazer essas obras e acostumadas a distribuir propinas a todos os jornais da época. A Primeira Guerra Mundial, a Crise de 1929 e a Segunda Guerra Mundial dificultaram as importações e deram força à industrialização. “Foi quando a postura liberal do Estado começou a ser abandonada e a adoção de práticas intervencionistas se tornaram comuns. As empresas ferroviárias entraram em crise e a política rodoviarista se instalou”, explicou.

O papel do Estado, das autarquias e das companhias estatais no novo modelo de desenvolvimento foram apresentados pelo palestrante. Dentre as companhias elétricas, de saneamento e construções habitacionais citadas, estava o surgimento da Petrobrás em 1953 e seus contratos com empreiteiras. “As primeiras empreiteiras brasileiras foram fundadas entre os anos 20 e 50, como a Camargo Corrêa (1938), a Construtora Norberto Odebrecht (1944), a Andrade Gutierrez (1948) e a Mendes Júnior (1953), por exemplo. Os jornais noticiavam a apuração de denúncias de corrupção, que eram usadas como arma política”, informou.

Durante o Governo de Juscelino Kubitschek – de 1956 a 1961 – a infraestrutura no país muda de escala e ocorreu o que o professor chamou de “nacionalização das construtoras brasileiras”. JK dobrou a produção da indústria automobilística e superou o planejamento da construção e pavimentação de rodovias, mas sua administração gerou consequências sobre a indústria da construção: Inflação, emergência do movimento operário e greves.

O desempenho de crescimento econômico do Governo JK (8,09%) só perdeu para o de Médici (1974-1978): 11,91%. “O golpe de 1964 teve a participação dos empresários. A atuação das empreiteiras na derrubada da democracia criou um regime ideal para as suas atividades e, claro, para a corrupção”. O professor encerrou sua palestra listando os vários casos de corrupção denunciados na Ditadura Militar, falando do mercado nacional de infraestrutura durante a Nova República e os efeitos da Operação Lava-Jato sobre as empreiteiras e a economia brasileira.

Confira AQUI a íntegra dessa palestra!

Graduado em História pela Universidade Federal Fluminense (2004), Pedro Henrique Campos possui mestrado (2007) e doutorado (2012) em História Social pela mesma É pós-doutor em História pela PUC-SP desde 2021. Atua nas áreas de História econômico-social, ditadura civil-militar brasileira (1964-1988), Estado e políticas públicas e História da política externa brasileira.

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