Como contribuir para a redução das mudanças climáticas, se adaptar às condições climáticas atuais e às mudanças climáticas inevitáveis? Quais são os impactos das mudanças climáticas em regiões semiáridas e como essas regiões podem contribuir para os recursos hídricos, segurança alimentar e energia renovável?
De acordo com o diretor do Ibraop, Júlio Uchoa Cavalcanti Neto (TCE-PB), esses são alguns dos tópicos que estão sendo debatidos na 3ª Conferência Internacional sobre Clima e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (ICID III). Ele participa do evento realizado pelo Governo do Ceará e do Consórcio Nordeste, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), entre os dias 15 e 19 de setembro, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza.
A ICID III reuniu autoridades nacionais e internacionais, especialistas e cientistas renomados em mais de 40 sessões temáticas. Júlio disse que os debates abordaram temas estratégicos: além dos relacionados às mudanças climáticas, palestras sobre gestão hídrica, educação climática, financiamento verde, tecnologias de monitoramento ambiental, cooperação internacional e políticas públicas para regiões vulneráveis, por exemplo.
“Destaco os painéis, sessões e mesas-redondas que abordaram a desertificação do Biomassa Caatinga, um bioma exclusivamente brasileiro, presente em apenas 11% do território nacional [principalmente no Nordeste] e que, com o avanço do desmatamento, corre o risco de desaparecer”, explicou Júlio Neto, que completou: “Achei interessante conhecer o que as instituições de Ciência e Tecnologia estão desenvolvendo para frear o avanço da desertificação no Nordeste do Brasil”.
A Caatinga é considerada um patrimônio biológico único do Brasil por possuir uma alta taxa de espécies endêmicas, ou seja, que só existem nesse bioma. Em outras palavras, ela abriga uma variedade de plantas e animais que desenvolveram estratégias para sobreviverem ao clima seco, sendo um dos ecossistemas semiáridos mais biodiversos do mundo.
SAIBA MAIS – Diante da decisão do Brasil de sediar a 30ª Conferência das Partes (COP 30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), de 10 a 21 de novembro de 2025, em Belém (PA); e considerando o impacto desproporcional das mudanças climáticas nas regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas do globo, um grupo de instituições do Brasil e de outros países decidiu organizar a ICID III.
Além das sessões técnicas, a conferência promove trocas institucionais entre entidades como Consórcio Nordeste, Funceme, CIRAD, ANA e universidades públicas. O evento será encerrado com a construção da Carta de Fortaleza e a elaboração do documento final da ICID2025, que será levado à COP30.