O XXI SINAOP foi encerrado com a conferência “A necessidade de infraestrutura na Amazônia”, ministrada pelo doutor em Engenharia de Transportes, o professor da Universidade Federal do mazonas (UFAM), Augusto Cesar Barreto Rocha. A presidente do Ibraop, Adriana Portugal (TCDF), e o diretor da Escola de Contas do TCE-AM, Alexandre Rivas, foram os debatedores do painel. O evento – que contou com a participação de aproximadamente 240 pessoas – foi realizado de 18 a 22 de agosto, no auditório da Corte Amazonense, em Manaus.

A conferência foi iniciada com a apresentação de alguns fatos que diferenciam o Amazonas do restante do país. De acordo com o professor, existe um entendimento de que o Estado é distante de qualquer lugar, encarecendo o transporte de passageiros e mercadorias; que a vocação da economia amazonense não é a indústria, sendo que ela representa 52% do valor bruto da produção do Estado; e que o Amazonas deve pagar mais imposto no Brasil – cerca de 18,2% de tributos sobre o PIB, enquanto a média nacional é de 15,5% e a da Região Norte é 12,1%.
“Estamos em um Estado periférico, que paga muito mais tributo ao país, mesmo sem estoque de infraestrutura. Há um desequilíbrio nacional e, por isso, precisamos ajustar as perspectivas”, disse e completou: “Não existe um problema de distância: o que existe é um problema crônico de falta de infraestrutura, sem nenhum esforço efetivo do Estado Brasileiro para reduzir essa assimetria”.
Segundo Augusto César, é equivocado fomentar o embate entre a infraestrutura e o meio ambiente. “Precisamos de uma infraestrutura que respeite o meio ambiente. As instituições nacionais precisam se debruçar sobre os problemas reais, pois ano após ano estamos gastando recursos públicos para discutir como não se fazer nada”, disse para exemplificar
E qual seria a solução? Para o professor da UFAM, a solução seria fazer um levantamento do estoque de infraestrutura no Brasil, mapeando por Estado e Região, para tentar reduzir as desigualdades nacionais. “Só vamos ‘virar o jogo’ se pesquisas científicas forem adotadas para definir as infraestruturas prioritárias; estruturar cadeias produtivas integradas com um sistema de transportes e construir infraestruturas voltadas para além do extrativismo”, opinou.
Augusto César defende uma métrica objetiva: investir 2,5% do PIB do Estado, todos os anos, até 2040, priorizando projetos com métodos claros. “Precisamos de escuta ativa e participação efetiva dos intelectuais, gestores e empresas amazonenses. Sem essa virada democrática, qualquer discurso de sustentabilidade continuará sendo apenas retórica”, concluiu o conferencista.